Está chegando a hora. Todos os preparativos estão sendo finalizados. Sexta-feira é meu último dia de trabalho, depois entro na última semana antes da viagem. Até sexta-feira quero estar com 99% dos ajustes prontos, no fim de semana vou para praia e entro "em retiro" até quarta, quando volto a Porto Alegre para aí sim iniciar os "procedimentos de embarque". Resolvi me dar esses dias de descanso na praia porque nos últimos dois meses passei por uma série de situações em todas as áreas da minha vida (pessoal, familiar, profissional) que mexeram muito comigo, me levando a níveis de stress diários quase sempre próximos do limite. Mas esses acontecimentos também serviram para me mostar que muitas vezes o nosso limite pode não ser aquele que parece.
Enfim, tudo passa, e passou. Agora faltam três dias de trabalho e depois mais nove de expectativa antes da viagem.
A propósito do título deste post, é o nome de uma música do Green Day, que toca em Porto Alegre poucos dias depois do meu embarque.
Tem uma estrofe que diz: "Vinte anos se passaram muito rápido, me acorde quando setembro acabar..."
Ontem fiz as reservas para o Eurostar: vou cruzar por baixo do Canal da Mancha de Paris para Londres dia 8/12 e de volta dia 15/12. Serão os últimos dias da viagem: depois dessa semana na capital britânica (que passarei na casa de um grande amigo que ainda não conheço pessoalmente) terei mais cinco dias para chegar até Lisboa novamente e embarcar de volta ao Brasil. Estou pensando na Bélgica, li maravilhas sobre Bruges, uma cidadezinha no interior do país que guarda ares do século 13.
Já estou com minha carteira de alberguista HI (chegou com uma camisinha junto - foto baixo), já que muitos Hostels oferecem descontos para membros. O cartão de saques em moeda local - Visa Travel Money - está na mão (fiz um depósito de 500 euros) e também já comprei o passe de trem Eurail. Optei pela modalidade Global Flex "15 days within 2 months", que dá direito a 15 dias aleatórios de viagem, dentro de dois meses, a contar do primeiro dia de viagem.
http://www.eurail.com/eurail-global-pass?currency=eur#tab2
Mas o que está me surpreendendo e até me emocionando são as pessoas na Europa que estão se disponibilizando a me ajudar e até me receber em suas casas. Cada vez mais tenho certeza que muito mais será revelado nessa viagem. Obrigado a todos e cada um que ajudaram a tornar este momento possível. Vocês sabem quem são, e como são importantes para mim.
Mais um pouco do planejamento, cuidadosamente delineado desde janeiro:
10/4/10 - Na reunião regional, pedi ao DR que traga contatos de companheiros da Europa e conheci o companheiro Jonathan Calleja, de Malta, que me ofereceu abrigo na sua casa durante a viagem.
15/5/10 - Furou o cronograma (não chegou o material de inglês).
21/5/10 - Chegou o material de inglês. Meia boca. Acho que vai ser necessário mais. Aula particular, com certeza. A partir de junho.
12/7/10 - Decidi fazer o curso de inglês totalmente sozinho, muito caro o preço das aulas e tenho bastante material (Inglês para Todos e curso on line Inglês para Viagens)
15/7/10 - Confirmada a liberação da licença-prêmio com o diretor.
16/7/10 - Confirmada a passagem ida e volta (10/10 a 20/12 – Porto Alegre/Lisboa/Porto Alegre) e reservado três dias em Hostel em Lisboa (11, 12, 13 e 14 de outubro) – R$ 2.373,00 (5 x Mastercard)
"Quando alguém programa uma visita a Amsterdam todas as recomendações e piadas a respeito dos coffee shops são recebidas. A não-experiência me vez conseguir valorizar ainda mais a surpreendente Amsterdam. As pessoas ficam tão empolgadas com suas histórias nos coffee shops que acabam esquecendo de comentar a beleza da cidade. Todas as pequenas ruelas são charmosas e os canais emolduram a cidade. O resumo da história é que vale muito a pena ir a Amsterdam, mesmo que você seja careta." http://www.7errantes.com/
Este é o nome do arquivo que eu criei em janeiro deste ano, quando comecei a planejar esta viagem. No início a ideia era tentar subir pela América do Sul até os Estados Unidos, atravessar para a Europa, chegar o mais distante possível (Índia) e voar para o Brasil. Tudo isso em 4 meses. Já em fevereiro o roteiro foi adaptado para Europa e Estados Unidos, e por fim a América foi abandonada também, ficando também o tempo reduzido para 70 dias, para caber dentro da minha licença e principalmente do meu orçamento.
Algumas anotações do diário:
31/1/10 - Amanhã começa a contagem regressiva: 9 meses. Começa a gestação...
8/2/10 - Falei com um amigo que me incentivou e deu algumas dicas, como dormir nos trens para economizar hoteis/albergues.
14/2/10 - Falei com a Magnus e com o mãe hoje na beira da praia, ele me deu várias dicas, como começar a viagem pela Europa e terminar pelos EUA em função do clima. Recomendou comprar o Euro pass. Estou pensando em redesenhar o roteiro, diminuindo o tempo da viagem para 60 ou 70 dias e fazendo só Europa e EUA, e começar em outubro.
27/2/10 - 60 dias na Europa... será?
02/3/10 - Ou quem sabe 45 na Europa e 15 para fazer Nova York – Los Angeles? Preciso fazer um estudo mais detalhado, inclusive financeiro destes dois roteiros, e pedir opiniões e sugestões.
18/3/10 - A partir de abril, pesquisar cursos de inglês e entrar em contatos com os Consulados. A partir daí definir o roteiro. Tendência hoje é Europa 60 dias, mas na afastada totalmente esticada aos EUA.
Iniciar a contagem regressiva de 30 dias vendo o sol nascer e tomando um chima na feira de usados no estacionamento do Big, tentando vender o carro para pagar o mochilão pela Europa: NÃO TEM PREÇO.
Alguns mochileiros parecem cercados por uma aura de liberdade, regras e padrões rompidos, clandestinidade, emoção, descoberta, imprevisibilidade e irreverência. E para felicidade de todos, isso é a mais pura verdade, acontece mesmo, mas não em todos os casos. Apenas alguns mochileiros atingem este estágio de total desprendimento, independência e por que não dizer, elegância. Sim, essas pessoas que dominam o perfil “eu me basto e estou de peito aberto pro mundo” podem parecer arrogantes, mas não se engane, são o oposto. Ou, posso dizer, se tornaram apenas quem eles realmente são. Seres de pensamento livre e vida ricamente simples. É por isso que quando me pedem “a receita” para ser um mochileiro, eu fico meio sem resposta. A jornada é pessoal, uma evolução de pensamentos, jeitos e maneiras de encarar a vida, os problemas, o mundo onde se vive. A única coisa que pode acelerar esse processo é o máximo de desprendimento possível. Arriscar enxergar o mundo através de outros prismas, abraçar o novo com o mínimo de pré-conceitos e não ter vergonha de muitas vezes sentir medo, bastante medo por isso, afinal, não é algo fácil de ser praticado como se mascássemos um chiclete. Seja sincero consigo mesmo, experimente coisas novas, caminhos diferentes. Muitas vezes você chegará a conclusão que é muita idiotice fazer “tal coisa”, pinta aquela vergonha, daí é bem provável que esteja no caminho certo, o caminho da realização de coisas memoráveis. Logo, não se limite apenas ao que é confortável. Estimule a curiosidade e faça disso um hábito. Logo você estará dançando como nunca antes, surfando secret spots, ajudando pessoas, encarando matas fechadas para chegar numa praia deserta paradisíaca, tocando algum instrumento exótico, e tantas outras coisas que lhe farão sentir muito vivo. É lógico que quase sempre você precisará fazer isso sozinho, pois nem todos estão na mesma sintonia que você. Este é o seu momento. É aí que começa todo o processo. Você passa a ter afinidade consigo mesmo, com o seu corpo, com a sua mente, com os seus sentimentos. Mochileiro? O que é isso? A minha resposta passou a ser: Aquele que encara os próprios medos em busca das mais diferentes sensações e experiências. Erra, falha, acerta, cai, levanta, arrepende-se, emociona-se, fica irritado, tem um ataque de risos… Arrisca-se… vive! (autor desconhecido)
Está totalmente aberto, desengessado (acabei de inventar essa palavra), mas aos poucos vai tomando forma. Chego dia 11/10 em Lisboa e tenho 3 dias de hostel reservado, até 14. O compromisso seguinte é um voo de Faro (Portugal - 300 km de Lisboa) a Estocolmo (Suécia) no dia 17. Por esse voo paguei a exorbitância de 24 euros. Vou fazer de avião porque a distância é muito grande, gastaria uma grana e ainda perderia no mínimo uns dois dias viajando de trem. A ideia é começar o roteiro pelo norte e ir descendo conforme avança o outono (para evitar o frio mais rigoroso).
Além de ser o título de um livretinho amarelinho escrito por pessoas como eu e publicado em 1993, que junto com outros livrretinhos coloridinhos mudaram a minha vida, "Uma Outra Perspectiva" reflete de maneira bem ampla o tema central deste blog - a viagem e o seu propósito principal: lançar uma outra perspectiva sobre o mundo, as pessoas, as relações, a vida, a morte, mas principalmente sobre mim mesmo. Porque devido aos acontecimentos dos últimos dois anos minha intuição me indica que viver - e não sobreviver - não pode ser o que eu tenho visto as pessoas chamarem de "vida": acordar, ir para o trabalho, trabalhar, voltar do trabalho, dormir, acordar, ir para o trabalho, trabalhar... e entre uma coisa e outra reclamar de por que as coisas não mudam, como se mudar dependesse de mais alguém além de nós mesmos.
