Atenas

Atenas, 1/12/10, quarta-feira, 23:45 horas

Como falei no  último post, deixei Roma de trem para Brindisi, na costa sudeste da Itália para pegar um Ferry até Patras, na Grécia, de onde  pegaria outro trem para Atenas. Essa viagem durou ao todo 34 horas, sendo pelos menos 18 em alto mar.

Cheguei em Atenas sábado no final da tarde. No dia seguinte era o último domingo do mês, quando as entradas em todas as atrações são de graça, então apesar do cansaço acordei cedo e fui para conhecer a "Atenas antiga", começando pela Acrópole, Ágora, museus, etc. O legado grego é imesurável: os grandes filósofos, a concepção da democracia, os Jogos Olímpicos... talvez nenhuma outra viagem vá tão longe na origem do homem e da sociedade atual.

Desde o primeiro momento me impressionou muito (positivamente) a receptividade das pessoas aqui. Não encontrei nada nem parecido em nenhum outro país. Não uma, mas umas quatro ou cinco vezes, no metrô e na rua, quando eu pedia uma informação, a pessoa não me dava a informação, mas me pegava e me levava até o lugar que eu estava procurando, numa boa-vontade impressionante.

Aquilo que eu esperava encontar na Itália, talvez, pessoas alegres e comunicativas, foi exatamente o que achei aqui em Atenas. Senti uma identificação e um carinho muito grande por este povo, algo muito intenso mesmo, difícil de entender e de explicar. Um sentimento de já ter estado aqui, de pertencer a este lugar.

Como eu tinha passagem de avião comprada para quinta, minha ideia era ficar dois dias na cidade, passar um dia (e uma noite) em alguma ilha perto de Atenas e depois mais dois dias aqui antes de ir embora para ver o que tivesse faltado.

Porém desde o início havia um problema: os barcos que fazem o transporte para as ilhas estavam em greve, que terminou apenas  na terca-feira. Tive assim que adiar meus planos em um dia, e fui ontem para Hydra, uma hora em meia da capital. Tudo certo, até hoje de manhã, quando fui acordado com a notícia de que o tempo havia mudado e que os barcos estavam cancelados de Atenas para as ilhas. Para mim essa informação era um verdadeira tragédia grega, porque eu tinha vôo marcado para o dia seguinte de manhã. No fim acabou surgindo um pequeno barco (Freedom) que aceitou juntar outros na mesma situação que eu e tentar ir ate a Península do Peloponeso, que embora continente, ainda ficava há umas 3 horas de Atenas - e tinha nem ônibus nem trem.

Sem muita escolha e abaixo de raios e trovoadas embarquei e fui. Uns quinze muinutos chacoalhando em alto-mar chegamos no Peloponeso, e o que se desenhava uma tragédia virou um odisseia: um táxi esperava no porto uma pessoa que não apareceu, e como teria que voltar vazio para Atenas, me cobrou 70 euros uma corrida que custaria 200 e me deixou na porta do Hostel. Os Deuses do Olympo parecem estar mesmo a meu favor.

Detalhe: esse taxista foi uma das maiores figuras que conheci até agora em toda viagem, parava várias vezes no caminho sempre que via um limoeiro, um abacateiro ou uma oliveira e saía o grego e eu a encher de frutas frescas as sacolas que nao paravam de aparecer no porta-malas. Grande Nicolas! 

Amanhã embarco para Madri, entramos em dezembro e será a última etapa da viagem: Espanha, Inglaterra e França. Esses dias tive um sentimento inverso daquele de Berlim, quando me dei conta que a coisa estava apenas no início e eu ainda tinha uns 50 dias pela frente. Agora já começa uma contagem regressiva e um sentimento que é um misto de vontade de voltar pra casa e ao mesmo tempo aproveitar ao máximo os últimos dias. A verdade é que de Atenas e da Grécia vou levando um carinho especial, diferente do de todos os outros lugares pelos quais passei. Hellas!

Em Brindisi, no embarque para Grécia: Almir Transportes Navais

Teatro de Dionysus, para 17.000 pessoas: dá para imaginar...

O Templo da Vitória: a Deusa Athenas Nike

O Parthenon é o maior templo da Acrópole

Sua construção data do século V A.C.

A Acrópole era o ponto mais alto da cidade, e servia para observação militar

A beleza das Cariátides (estas são cópias, as originais estão em um museu - uma delas em Londres)

A  Acrópole também servia como refúgio no momento de ataques inimigos

Gyros, prato tradicional de Atenas

Praça Syntagma, ponto central da cidade

O Templo de Zeus Olímpico: originalmente havia aqui 104 colunas

O parlamento, no centro da capital. A Grécia é considerada o berço da democracia

Aqui, 285 atletas de 13 países disputaram os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em 1896

Mais de cem anos depois, em 2004, Atenas voltou a sediar uma Olimpíada

Na Grécia Antiga, em vez de receberem medalhas, os
atletas eram premiados com coroas de ramos de oliveira entrelaçados, que representavam a suprema glória

Ilha de Hydra, um pedaço do paraíso

"Se você estiver equilibrado a mente desaparece; parar no meio é meditação" (Osho)

Mar azul da cor do céu, de onde raramente cai água

Meus amigos da ilha: pra eles não faz a menor diferença se tem barco ou não 

A bordo do "Freedom": tudo ou nada

Ilha de Poros, um dos muitos cartões-postais gregos

Literalmente, fazendo do limão uma limonada

Dois símbolos da Grécia: a bandeira e o Parthenon

Grandes pensadores da atualidade: "filosofia se escreve com 'ésse' ou com 'zê'...?"

Uma das coisas mais bacanas aqui foi com certeza o idioma grego. Lindo de ouvir as pessoas falando; realmente, uma sonoridade clássica, muito agradável de escutar. Estação de metrô, por exemplo, tem a Panepistimio e a Kerameikos. Sem falar na caligrafia! Mas nesse pequeno vídeo peguei um vendedor de loteria no centro oferencendo seus bilhetes com um entusiasmo que dava gosto de ver (esses dias tinha uma acumulada de 15 mil euros, tava cheio de vendedor pela cidade). E para completar tinha um outro do lado vendendo uns doces que como que fazia uma dupla, um gritava daqui e o outro de lá. Fiquei uns dez minutos curtindo essa cena, mas gravei bem pouco para poder carregar no blog.